Orientar, incentivar e valorizar as mulheres na busca por melhores resultados em suas propriedades é um dos principais objetivos da capacitação técnica sobre o sistema de produção de leite preconizado pela Epagri: protagonismo das mulheres na atividade da pecuária de leite.

O curso começou no dia 14 de março, em Coronel Martins, no Oeste de Santa Catarina. A capacitação é uma parceria entre Epagri, Cresol Inovação, Sicoob Original, Cooperalfa, Secretaria de Agricultura de Coronel Martins e a prefeitura do município. O extensionista da Epagri em Coronel Martins, e um dos idealizadores do projeto, Elean José Balastrelli, explica que “foi definida uma estratégia de trabalho para somar esforços com mais entidades e ter um objetivo claro para alcançar resultados significativos, assim, cada família pode se tornar referência em suas comunidades. Nós queremos discutir e trabalhar coletivamente”. A capacitação conta com 24 mulheres inscritas, que vão participar de dez encontros, realizados uma vez ao mês. As aulas pretendem integrar os conhecimentos teóricos e práticos. 

A cerimônia de abertura contou com a presença do vice-prefeito, Leonildo Turmina, do secretário de Administração, Rudinei Smaniotto, da presidente da Câmara Municipal de Vereadores e produtora de leite, Marivone Cecatto Maraschin, do presidente do Sicoob Original, Artêmio José Flach, de representantes da Cresol Inovação, além dos gerentes da Cooperalfa, Samuel Dalla Cort, e do Sicoob Original, Leonardo de Souza. Também estiveram presentes os funcionários da Epagri de Coronel Martins, Elean José Balastrelli, Elisangela Chimello, o gerente regional da Epagri em Xanxerê, Marcelo Bassani, e os palestrantes, o professor da Udesc, Antonio Leopoldino, e a coordenadora do projeto de Pecuária da Epagri na região de Chapecó, Seliane Pierezan.

As famílias das produtoras foram recebidas com um café da manhã e uma dinâmica de boas-vindas. Na parte da manhã, o professor do curso de zootecnia da Udesc, Antonio Leopoldino, falou sobre o protagonismo das mulheres na atividade da pecuária de leite. Em sua fala ele apresentou alguns dados levantados pelo Censo Agropecuário que demonstram algumas das disparidades entre homens e mulheres no campo. Segundo o IBGE, existem mais de cinco milhões de estabelecimentos rurais no Brasil, destes, aproximadamente quatro milhões são geridos por homens e apenas 947 são administrados por mulheres. Em Santa Catarina, somente 10% das propriedades rurais são administradas por mulheres. Por outro lado, a pecuária é uma das principais atividades femininas. Estes dados reforçam a necessidade de estimular e capacitar mulheres para a produção da pecuária de leite, visando qualificar o processo, estabelecendo assim, mais organização, produtividade e rentabilidade. Além das dificuldades, o professor ressaltou alguns dos diferenciais das mulheres que atuam na pecuária de leite. 

Durante a tarde, a extensionista Seliane Pierezan, apresentou os principais pontos preconizados pela Epagri na criação e produção leiteira à base de pasto que serão debatidos ao longo de todo o curso. Ela enfatizou a importância de aprimorar determinados processos, especialmente no Oeste de Santa Catarina, mesorregião que ocupa a terceira posição como maior produtora de leite do país. A coordenadora do projeto de Pecuária da Epagri salientou que a produção de leite não possui apenas uma importante função econômica nos municípios, mas também social, promovendo autonomia, desenvolvimento e autoestima. “Quando a Epagri fala de produção leiteira, ela está falando sobre a família de vocês, por isso a satisfação das famílias é o que mais importa”, diz. Seliane estimulou as participantes e suas famílias a trocarem experiências e a refletirem sobre determinados cenários. A palestrante apresentou também casos de sucesso de produtores da região que alcançaram melhorias significativas em seus processos. 

Raquel Calliari Moreira, produtora de leite e participante do curso, atua há muitos anos no setor. Ela revela que a pecuária de leite nunca foi a atividade principal de sua propriedade e, por isso, disse ao marido: “ou nós evoluímos, ou paramos de nos dedicar à produção de leite”. Raquel espera alcançar esta evolução com o curso: “já começamos a fazer algumas melhorias, como a análise de solo, estamos modificando uma área, e espero chegar na realidade daquele casal que foi mostrado, aumentando a produção”, diz. 

Por sua vez, Marivone Ceccatto Maraschin, afirma que o que a motivou a participar do curso foi sua paixão pela vida e pelo trabalho no campo. “Nossa produção não está muito boa, temos muito para melhorar. No passado tivemos problemas com a brucelose e tivemos que parar com a criação por um período. Agora estou voltando e minhas prioridades são aumentar a produção e me capacitar para trabalhar de forma correta. Depois do curso espero conquistar maior rentabilidade e mais organização, para ter mais tempo para a família. Além disso, tenho um filho que está no Colégio Agrícola e tem interesse de ficar na propriedade, então espero deixar algo mais encaminhado para ele”, conta.

A próxima atividade do curso, realizada em São Lourenço do Oeste, abordará temas voltados para a administração das propriedades, como educação financeira e gestão da atividade da pecuária de leite.